Se hoje, o seria impossível, Lima Barreto estivesse vestido em sua roupa carnal estaria completando 154 anos. Porém ele tem perpetuado nas máscaras de Isaías Caminha, Policarpo Quaresma, Gonzaga de Sá, Leonardo Flores e Vicente Mascarenhas, personagens que são como toda a sua obra a expressão de sua vida, onde foi intérprete dos medíocres, dos apagados, dos massacrados pela Sociedade.
Não fez Literatura por vaidade, embora aspirasse ter sua imortalidade, uma vez que para ele perder a vida em vida é muitas vezes a condição de vencer a morte. Seus livros eram propositalmente mal feitos, ásperos, nos quais ele tinha o intuito de desagradar e escandalizar.
Vivera caindo de bêbedo nas ruas, jogado no hospício, aposentado com um salário irrisório e seco, com o pai doido em casa, devendo dinheiro, mas, apesar de tantos infortúnios ainda encontramos no Criador de homens que sabiam javanês o grande romancista e o pioneiro de romance moderno.
É lastimável que Lima Barreto tenha sido vítima da boemia, a qual deve estar contente por ter levado um ser como Afonso Henriques de Lima Barreto. Certa vez concluíram que o Barreto não era dessas figuras comuns, das que desaparecem na morte, mas uma dessas resistências que avultam e impõe-se acima do túmulo, como um pedestal, e ficam eternas, representando o espírito de uma Era e a glória de um povo.
Crônica lida na Arcádia Literária Estudantil, no ano de 2005, pela Árcade Lima Barreto. Em homenagem a data do nascimento do escritor Lima Barreto (13/05/1881)