Poema de uma Conchinha

Já fui completa nas primeiras ondas de minha vida, 
Quando o céu era azul e a maré deveras calma... 
Mas impossível é permanecer imutável; 
Aos efeitos das mudanças de fases da lua. 
Tão logo perdi um pedaço de mim. 
Outras águas me conduziram 
Ao encontro de outras conchas incompletas; 
Mutiladas pelos açoites de um mar bravio.
Hoje já não sei o que me resta. 
Não sei, se a parte que penso que sou. 
Que integra um grande coral, 
Chega a ser eu. 
Ou se quem sabe sou. 
Aquele pedaço de mim, 
Perdido numa praia. 
À beira do oceano...
Rafaela Barreto
Foto: Rafaela Barreto

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