Vento e Tempestade

E essa sua mania de me arriscar no primeiro olho de tempestade. 
Com toda certeza de que sempre os bons ventos me trarão de volta. 
Sinto que o doce que eu tinha da vida foi diluído em lágrimas. 
Agora o que tenho a brindar é um cálice salubre, 
Sem os arroubos da juventude, 
Mas com o silêncio de velhas resignadas. 
Que foram viúvas sem um corpo pra chorar. 
Ou bens para herdar... 
Eu cá, com meus pensamentos excêntricos, 
De uma mulher de 24 anos com ares de 50. 
Que tem por alívio o trabalho árduo 
Que me toma a mente, 
E afasta as memórias desventurosas. 
Ah... sou uma dessas criaturas 
Que a maior ambição é querer receber 
O que pode dar. 
E que agora só nutre o desejo, 
Para que quando você não estiver nem aí, 
Eu não possa está aqui. 
E assim descobrirá que um porto seguro 
Às vezes se torna um cais cheio de adeus.

Rafaela Barreto

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